O Matrimônio é um ato de fé

Na ação pastoral e evangelizadora encontramos muitos casais que  constituíram a família sem a graça do sacramento do matrimônio, como se o matrimônio fosse algo privado que diz respeito somente ao casal, sem nenhuma relevância comunitária e eclesial.

São casais que professam a fé católica, querem que os filhos sejam educados na fé, mas perderam o sentido original do matrimônio, como está contido no livro do Gênesis, onde a união entre o homem e a mulher, o matrimônio, não é uma mera invenção humana, mas foi querido e instituído pelo próprio Deus: ‘Deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne’ (Gn 2,24).

Estes casais perderam também a alegria da presença de Jesus na família. Esqueceram como é belo ter Jesus na família, como aconteceu nas bodas de Caná, quando o Senhor, no início de sua vida pública, abençoou a vida matrimonial e lá realizou o primeiro milagre, transformando água em vinho (Jo 2,1-12).  A presença de Jesus fez a diferença na vida do jovem casal. Jesus não tirou a alegria e a espontaneidade dos esposos na festa, antes salvou a alegria dos esposos e permitiu que a festa continuasse, que a vida da pequena família iniciasse e permanecesse na benção.

 Precisamos, em nossa ação pastoral, ajudar os casais que professam a fé a redescobrir a beleza da presença de Deus na vida familiar. Jesus não tira a alegria, o afeto e não prende ninguém. Pelo contrário, a presença de Jesus  ajuda os casais a se amarem de uma maneira nova, de se edificarem mutuamente e orientar a vida familiar no seu sentido original, como dom e vocação. 

O Papa Francisco disse que ‘o matrimônio é como se fosse um primeiro sacramento do humano, onde a pessoa se descobre a si própria, se compreende a si mesma em relação aos outros e em relação ao amor que é capaz de receber e de dar. [..] No matrimônio entregamo-nos completamente sem cálculos nem reservas, compartilhando tudo, dons e renúncias, confiando na Providência de Deus. Esta é a experiência que os jovens podem aprender dos pais e dos avós. Trata-se de uma experiência de fé em Deus e de confiança recíproca, de liberdade profunda e de santidade, porque a santidade supõe o doar-se com fidelidade e sacrifício cada dia da nossa vida!’ (Papa Francisco, 23.10.2013). 

 

 

Dom Sergio de Deus Borges, Bispo auxiliar na Região Santana