Acolher melhor é também ir ao encontro.

Uma comunidade missionária é uma comunidade acolhedora que se esforça em imitar o senhor Jesus, porque Ele é o primeiro e maior evangelizador enviado por Deus (Lc 4,44). Como Missionário do Pai, Jesus acolhia as pessoas que vinham ao seu encontro e, também, ia ao encontro das pessoas onde elas viviam.

Neste sair ao encontro das pessoas, Jesus, antes de tudo, valorizava as coisas boas que encontrava: a fé das pessoas (Lc 5,20); o pouco que o povo possuía, como cinco pães e dois peixes (Lc 9,13); o gesto afetivo da mulher pecadora (Lc 7,38); a sede que o povo tinha da Palavra de Deus (Lc 5,1); a confiança do povo na sua pessoa (Lc 6,19); a festa de um casamento (Jo 2,1-2); o coração aberto de Zaqueu (Lc 19,6); a oferta singela de uma viúva pobre (Lc 21,2); a festa de despedida de Mateus, quando optou por segui-lo (Mt 9,9-10)..... Conforme as situações, Jesus sabia combinar ternura (Lc 15,1) e firmeza (Mc 7,5-8), anúncio  e denúncia (Lc 6,20-26), compaixão (Lc 7,13) e indignação (Lc 11,37-44). Muitas vezes, admiradas, as pessoas glorificavam a Deus dizendo: um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo (Lc 7,16) (MOSCONI, Padre Luís. Santas missões populares, 45).

Jesus assim fez e foi grande a alegria de quem a Ele abriu seu coração. Um traço bonito desta saída acolhedora de Jesus  é que Ele, com a força do Espírito, ia ao encontro das pessoas convicto de que elas tinham sede de Deus e de seu Amor. Esta é também a força do missionário, imitador de Jesus. Caso, hoje, o missionário vá ao encontro das pessoas sem esta mesma convicção de Jesus, não haverá acolhida, não haverá missão, faltará entusiasmo e os lábios ficarão mudos; os braços se cruzarão e o coração esfriará. O Papa Francisco disse que o entusiasmo na evangelização funda-se nesta convicção (EG 265).

Sejamos imitadores de Jesus Cristo, discípulos missionários que amamos o Reino de Deus e a santa Igreja Católica, convencidos, pelo Espírito Santo, de que o grande número de batizados, afastados da vida eclesial, querem Deus, querem ser libertos do pecado e da morte, querem ser escutados e conhecidos em suas angústias e esperanças. Não vamos esperá-los na Igreja, vamos visitá-los em suas casas para levar-lhes a alegria da fé e a certeza de que Jesus os ama e, na Comunidade, fala conosco, vive conosco, caminha conosco.

 

 

Dom Sergio de Deus Borges - Bispo auxiliar de São Paulo e Vigário episcopal para a Região Santana