Eis a serva do Senhor!

A Virgem Maria, quando responde às palavras do Arcanjo Gabriel com o seu sim, sente necessidade de exprimir sua relação pessoal a respeito do dom que lhe foi revelado, dizendo: Eis a serva do Senhor (Lc 1,38).

A resposta da Virgem Maria – serva do Senhor – se inscreve na perspectiva integral da História da salvação e da relação da Mãe e do Filho. O profeta Isaías já havia anunciado o ‘servo do Senhor’: ‘Eis que meu servo prosperará, crescerá e se elevará, será sumamente exaltado’ (Is 52,13). Maria, mulher conhecedora e praticante da Palavra, acolhe a profecia e antecipa, na anunciação do arcanjo, o que o seu Filho dirá muitas vezes de si, especialmente no momento culminante de sua missão: ‘O próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida para resgatar a multidão’ (Mc 10, 45).

Com a alegre notícia da realização das profecias, a Virgem corre ao encontro de sua prima e se põe a serviço, sendo causa de espanto até para a própria Santa Isabel que exclama: ‘Como me é dado que venha a mim a mãe do meu Senhor?’ (Lc 1,43). Santa Isabel, iluminada pelo Espírito Santo, compreende a grandeza do amor de Deus que está se concretizando em Maria e tem a convicção de que é ela que deveria servir à Mãe de Deus, mas vê a Virgem Maria que vem ao seu encontro para ajudá-la em sua necessidade. São Lucas relata com serenidade este serviço da Mãe de Deus, dizendo: ‘Maria ficou com Isabel uns três meses e depois voltou para casa’ (Lc 1,56).

O assombro de Santa Isabel é semelhante ao assombro de São Pedro, quando o Senhor se põe a serviço dos Apóstolos, na última Ceia. Muitos ainda se espantam com tamanha simplicidade de Deus, de Seu Filho unigênito e da Virgem Santa. Mas esta é a lógica do novo Reino, é a lógica de Jesus. Acolher a Palavra, viver em união com o Filho que o Pai enviou ao mundo são atitudes que levam ao serviço aos irmãos e irmãs. Este serviço é parte do ser cristão, do ser discípulo missionário e devoto da Mãe de Deus, que é também nossa Mãe.

A iniciativa da Virgem foi um gesto de caridade autêntica, humilde e corajosa, movida pela fé na Palavra de Deus e pelo estímulo interior do Espírito Santo. Quem ama esquece-se a si mesmo e coloca-se ao serviço do próximo. Eis a imagem e o modelo da Igreja! (Papa Bento XVI).

Devotos da Virgem Mãe, discípulos missionários de Jesus Cristo como eu, aproveitando este mês dedicado especialmente a Nossa Senhora, vamos nos comprometer a verificar que tudo, na nossa vida pessoal, assim como nas atividades da comunidade, nas pastorais, movimentos e serviços, seja movido pela lógica do serviço ao Reino de Deus e aos irmãos e irmãs.

Fora desta lógica, o homem e a mulher, criados à imagem e semelhança de Deus, não poderão realizar-se. Vamos conversar menos e trabalhar mais, anunciando corajosamente a Palavra de Deus e auxiliando os mais frágeis de nossas comunidades, como fez a Mãe de Deus. É o grande serviço que podem e devem fazer os devotos de Nossa Senhora, Mãe e Rainha do Brasil e de nossas famílias. 

Dom Sergio de Deus Borges – Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

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