O RIO DE DEUS; ELE ESTÁ CHEIO DE ÁGUA (SALMO 65).

Março! E no dia 22 comemoramos o Dia Mundial da Água. Diante da crise hídrica que atinge a região mais populosa do país, é impossível falar de água sem tanger questões que estão todos os dias nos jornais e redes sociais, a toda hora na tevê, saturando nossa paciência com as opiniões de pessoas cada vez mais “especialistas” no assunto. Mas, para bem dizer a verdade, o que é a água? Ela acabará? O que está, de fato, acontecendo?

A água é uma substância química. Muito abundante em todo o Universo e por todo o Planeta. É ela, inclusive, a responsável pela possibilidade de vida aqui na Terra. Como aprendemos na escola, ela cobre três quartos da superfície terrestre, nos “forçando” a viver agrupados no um quarto restante. É necessária para a sobrevivência de todas as espécies viventes daqui, marcando presença em cerca de 75% do nosso corpo humano. É tão importante e significativa que as Escrituras a colocam presente em muitas passagens, desde o barro que gerou Adão no mito da Criação, passando pela abertura do mar por Moisés até Jesus, que cospe e, da lama, faz o cego enxergar. A água é sempre associada, biblicamente, a vida (bênção) ou ao seu oposto, a morte (ausência de Deus), como quando o povo hebreu, sob a proteção de Deus, atravessa o mar “a pé enxuto”.

Muito bem. Mas já sabemos o quanto a água é importante para nós. O que muitas vezes ignoramos é a sua “fragilidade”, apesar de toda a sua “força” e importância. A água [potável] pode ser escassa; e ela é. A água pode ser facilmente contaminada pela agricultura com uso de pesticidas; pode ser poluída pelos nossos esgotos. Interferimos em seu ciclo através dos desmatamentos (sobretudo da Amazônia, responsável por carregar a atmosfera de águas em forma de vapor – fenômeno conhecido como “rios voadores”), impedimos a sua absorção no solo pela impermeabilização com cimento nos nossos quintais e asfalto nas ruas etc. Ou seja: o Planeta Terra é um Sistema. Interferir nele é colher as consequências no futuro.

Mas podemos culpar os políticos? A falta de planejamento e investimento nos sistemas de abastecimento realmente ocorreu. Mas, e nós, o que podemos fazer? Em 2004 (há mais de dez anos!) a Igreja já lançava a Campanha da Fraternidade com o lema “Água, fonte de vida”, abordando o assunto. E a Pastoral da Ecologia chegou a fazer vários alertas sobre a necessidade de economizar, cuidar, preservar porque, caso contrário, a água iria faltar. Hoje, dez anos depois, temos o cenário que vemos.

Que a gente aprenda com a crise. Que ela nos eduque; uma vez que não aprendemos pelo amor, agora, infelizmente, teremos que aprender pela dor. Enquanto isso, rezemos aos céus como o salmista (Salmo 65), para que Deus “visite a Terra” e encha de água os seus sulcos. Mas, claro!, que a gente faça, de agora em diante, a nossa parte.

 

 

 

Me. Diego Ferreira Ramos Machado - Mestre em Ciências, Licenciado em Geociências e Educação Ambiental (IGc/USP) e coordenador da Pastoral da Ecologia da Região Episcopal Sant’Ana.